sexta-feira, 8 de junho de 2012

Bonhoeffer, Dietrich


Nasceu em 04 de fevereiro de 1906 e morreu novo, em 1945 num campo de concentração, isso porque se opunha a Hitler ativamente - até o chamou de anticristo. Era filho do Dr. Karl Ludwig Bonhoeffer, que no total tinha oito filhos. Dietrich tinha uma irmã gêmea, Sabine. Era de uma família de tradições, tendo em seus antepassados historiadores, teólogos, juristas e pintores.

Primeiramente, de 1919-1923 estudou no ginásio de Grunewalde. Estudou na Universidade de Tübingen, também em Berlim, onde foi aluno de Harnack. Foi professor em Berlim, mas teve uma passagem pelo Union Theological Seminary, em Nova York, para estágio. Em 1929 teve seu primeiro exame teológico, aceitando o vicariato de Barcelona por um ano.

Enquanto vivia era desconhecido, mas após sua morte ficou conhecido por suas idéias sobre discipulado, no qual escreveu um livro chamado ”O Custo do Discipulado” em que expõe princípios morais para os cristãos, defendendo que o discipulado está ligado a libertação do que oprime a consciência. Entendemos que esse livro está ligado a questão nazista, visto que as idéias nazistas alienavam as mentes dos cristãos. Levava uma vida dedicada e piedosa, e claro com disciplina, combatendo a vivência sobre o âmbito do sagrado e do profano ao mesmo tempo, ou seja, ele combateu o cristianismo ligado ao nazismo, pois para ele esse sistema não era apenas profano, mas o próprio anticristo.

A vida cristã de Bonhoeffer era vivida com piedade e práxis, por isso se opôs a Hitler. Quando Adolf Hitler ascende na Alemanha, a igreja evangélica oficial aderiu ao projeto do nacional-socialismo, chegando ao absurdo de aceitar somente ordenação de pastores arianos. Nesse momento da história, esse grande teólogo começa a se opor ao nazismo como sendo uma missão. Passou então a ser um líder da Igreja Confessante, e por perseguição começa a exercer um ministério clandestino, inclusive como diretor de um seminário clandestino em Finkenvalde. É incrível como a religião se deixa cegar com tanta facilidade em nome do poder. Em toda história vemos a religião cristã se vendendo por tão pouco, isso em nível de existência.

Bonhoeffer foi um líder da resistência contra Hitler, viajando para muitos países divulgando a resistência. Estava envolvido num plano para assassinar Hitler. Mas o teólogo foi preso em Berlim no dia 5 de abril de 1943. Em 9 de abril de 1945, com apenas 39 anos, foi enforcado. Ele tinha muitos planos, como visitar Gandhi, na Índia. Apesar de não ter realizado muitos de seus planos, foi um grande líder do movimento ecumênico, viajando para países como Dinamarca e Suécia.

Esse teólogo via Deus como uma realidade única e que opera em nós através de nossas próprias ações em prol do mundo, da sociedade . Enfatizava o evento histórico de Jesus Cristo, ou seja, ele via Deus atuando na história, indo contra idéias filosóficas e ateístas da época. Praticar o cristianismo é ser humano num mundo justo e livre. Devido essa idéia, Bonhoeffer pregava um cristianismo sem religião institucional.

No campo de concentração começou a escrever uma obra intitulada Ética, mas parece não ter terminado. Nessa obra o pastor teólogo mostra que para ser um cidadão ético basta seguirmos as palavras do homem Jesus, que diretamente é a paradoxal as ações nazistas. Apesar de ter vivido pouquíssimo tempo, Bonhoeffer escreveu algumas obras, que foram: The Communion of Saints; Act and Being; The Cost of Discipleship; Ethics; Resistance and Submission.

Mesmo que muitos não concordem com algumas de suas idéias, não podemos tirar o louvor que lhe pertence, pois renunciou sua vida em prol da causa humana. A libertação do homem era seu alvo. Para isso não ficou apenas pensando em suas idéias, mas procurou agir rápido contra aquele que era uma ameaça a existência, a saber: Adolf Hitler. Outros nomes também se voltaram contra o nazismo como: Karl Barth (expulso da Alemanha), Paul Tillich (exilado da Alemanha), o marechal de campo Rommel (que foi ordenado por Hitler a se suicidar), Stauffenberg (martirizado em 1944). Bonhoeffer tentou assassinar Hitler, por isso até hoje seu nome é lembrado na Alemanha, pois ele erxergou o que muitos da nação enxergavam. Pena que o teólogo não pôde ver o nazismo ruir como um muro podre.

Ser militante não é apenas vestir uma camiseta vermelha, mas é ter coragem de homens como Bonhoeffer, Stauffenberg, Rommel...
 
ALAOR, COUTINHO (SEMINARISTA)

Pensamento Filosófico-Científico

O mundo durante muitos séculos vivera numa cosmovisão mítica, isso significa que o homem ainda não tinha um pensamento lógico nem científico, ou seja, o homem buscava explicações para tudo no sobrenatural e metafísico.

Mas houve na história pensadores que indagavam essa cosmovisão, como, por exemplo, o pré-socrático Parmênides que via o mundo através da razão somente, sendo os outros métodos como o mítico, livres para erros da alienação.

O cristianismo primitivo em sua práxis era mítico e com o surgimento da instituição criou-se os dogmas que eram as opiniões doutrinárias resultante dos concílios. A Igreja passou a enraizar seu poderio político. Dela saía a cosmovisão para o mundo e quem tem conhecimento tem poder, sendo assim ela também dominava culturalmente.

Durante muito tempo a cosmovisão ainda não tinha a luz da ciência e a filosofia era a mente do mundo. Porém nos sécs. XIV, XV e XVI o homem já aparentava uma visão diferente do mundo, isso com ajuda das artes, das letras, dos movimentos culturais do Humanismo e do Renascimento. O Humanismo apresenta um homem mais racional que sabe olhar para o passado analisando seus passos. Este fora muito importante porque quebrou um pouco a visão teocrática da Igreja e apresenta o mundo em nível horizontal. Pensadores como Pico de la Mirandola, Erasmo e Thomas More começam a reinterpretar o homem.

A própria Reforma protestante é uma mostra de que o mundo não estava tão satisfeito com o domínio da Igreja Católica. Por outro lado à Igreja Católica reagiu com a ação da inquisição, dos movimentos místicos e outros. O concílio de Trento (1545-1563) tentou fazer reformas na ultrapassada igreja

No séc. XVII aparece o movimento cultural-filosófico chamado de Iluminismo. Fora um grande esforço consciente de valorização da razão e abandono dos paradigmas tradicionais. Mas foi no séc. XVIII que o racionalismo teve um grande advento, refletindo mudanças em todos pensamentos, inclusive filosófico e teológico.

Muitas coisas tinham mudado na cosmovisão do homem:

· Nicolau Copérnico e João Kepler estabelecem a teoria heliocêntrica.

· Galileu Galilei via a natureza como um sistema matemático.

· É rejeitado as maneiras tradicionais de chegar a verdade.

· René Descartes (1596-1650) queria um conhecimento incontroverso, com total confiança na matemática. Para ele o conhecimento verdadeiro era aquele que não poderia ser posto em dúvida. Seu axioma mais famoso é “penso logo existo”.

· Rouseau (1712-1778) era contra qualquer forma de religião organizada. Defendia o governo pelo povo, não por Deus.

· Voltaire (1694-1778) hostil contra a Igreja, sugeriu uma teologia feita a partir da natureza.

· Lessing (1729-1781) promoveu a busca do Jesus histórico.

Do Racionalismo veio o Deísmo, numa tentativa de propor uma explicação natural e científica para o kosmos. Cresce a confiança na razão, no método científico, no deísmo e nas novas propostas sociais.

· John Locke (1632-17040) diz que o conhecimento deve passar por experiência, pois só assim será verdadeiro.

· David Hume (1711-1704) estudando como se adquire conhecimento chegou a conclusão que não há um conhecimento absoluto e final (hoje isso é proposto no “pós-modernismo”). Seu sistema é conhecido como cepticismo.

O final do séc. XVIII e início do séc. XIX é marcado por grandes pensadores como:

· George Hegel, criador da teoria da dialética, pensamento esse totalmente influenciado por movimentos humanistas anteriores.

· Ludwig Feuerback, negou todo sobrenaturalismo e atribuiu toda discussão acerca de Deus à discussão da natureza. Este foi o criador da teoria do materialismo. Divulgou a idéia de que Deus surgiu como conseqüência do desejo humano em explicar sua existência.

· Augusto Comte, filósofo francês que cria que Deus é uma superstição irrelevante. Este fora à voz do positivismo e dividira a história em três fases: a teológica, a metafísica ou abstrata e a científica ou positiva.

· Friedrich Nietzsche, considerado o pai da escola da morte de Deus. Ele lançou os alicerces para os niilistas que diziam que já que Deus não existe, o homem deve idealizar seu próprio modo de vida.

· Karl Marx, pai do materialismo histórico. Analisou a história a partir dos conflitos em torno da produção econômica, sendo a economia o motor da história. A sociedade caminha em conflitos dialéticos observado nas lutas de classes. Descreveu o capitalismo como sistema político-econômico exploratório e elaborou a doutrina sociológica conhecida como socialismo/comunismo.

· Jean-Paul Sartre, principal proeminente do existencialismo, dizia que o homem é o criador do seu próprio destino e negava a existência de Deus completamente (século XX).

· Houve outros pensadores como Freud, Engels, etc.

Apesar das contribuições desses pensadores, a ciência mudou mesmo depois de Darwin, com seu evolucionismo proposto na obra “A Origem das espécies”. Bem basicamente podemos dizer que, Darwin pregava que: 1) As espécies dos seres vivos são mutáveis e intercambiáveis, havendo modificações nas espécies.2) As variações inerentes e adquiridas pelas espécies são transmitidas geneticamente.3) As variações acontecem através de uma seleção natural.

A teoria darwinista balançou os mundos religioso e científico e impulsionou a cosmovisão contemporânea. Mesmo que muitas palavras de Darwin tenham sido contrapostas, historicamente suas idéias trouxeram um novo rumo a humanidade, principalmente no meio acadêmico que se tornou muito mais científico.
 
POR: COUTINHO, ALAOR GOMES (SEMINARISTA)

Teologia da Libertação

Quando se fala em teologia, logo as pessoas imaginam religião, Igreja, fé e outros. Isso porque pensam que teologia é o estudo da religião, de Deus. Antes de falarmos um pouco sobre a Teologia da Libertação, devemos entender que à teologia está extremamente ligada a antropologia, a cosmologia, logicamente a filosofia e também a psicologia e outras gnoses. Enquanto a filosofia estuda a estrutura do ser, a teologia procura entender o significado deste, ou seja, a existência. Quando se estuda a existência, automaticamente a teologia é obrigada a estudar as crenças, as religiões, as idéias, o “sobrenatural” e outros porque a existência está e sempre esteve ligada a essas idéias mitológicas. Dessa maneira não existe uma teologia, mas várias teologias que convergem para várias epistemologias.

O homem é um ser integral, holístico. Isso significa que sua existência é construída a partir de fatores social, político, psicológico, econômico e outros. Não é possível dissecar essa formação ontológica. Notamos que a religião cristã logicamente sempre esteve ligada a esses fatores, reflexo de sua humanidade. Porém notamos um tremendo abuso desses fatores existenciais a fim de dominar as massas. Nos restringindo ao fator político-econômico, sabemos que a Igreja já dominou o mundo, com seus cofres cheios e o Estado em suas mãos. Porém o mundo cansou se ser alienado pela Igreja e até mesmo os religiosos se levantaram contra essa alienação. A Teologia da Libertação é essa reação dentro da Igreja latino-americana, lutando em prol do povo, do pobre, do necessitado.

A Teologia da Libertação tem suas raízes no marxismo. Na Alemanha, Jürgen Moltmann propôs uma teologia chamada de Teologia da Esperança. Essa propunha que toda religião é recheada de utopia e que a religião cristã deveria apresentar esperanças ao povo, promovendo revolução e não servir ópio e alienação.

Porém antes de Moltmann, que publicou sua idéia em 1965, o teólogo Paul Tillich já dizia algo como socialismo religioso. A teologia de Tillich era elaborada a partir da leitura histórica e da análise existencialista. Nisso se identificava de certo modo com Karl Marx. Esse método de teologizar o levou a propor uma identificação da teologia com o povo, que em sua época sentia os horrores da guerra mundial.

O brasileiro Rubem Alves apresentou em Princeton em 1969, originalmente como tese, A Theology of Human Hope (Uma Teologia da Esperança Humana). Nessa obra o teólogo volta-se para a necessidade do terceiro mundo, em especial a situação da América Latina. Porém, infelizmente Rubem Alves não conseguiu com êxito aplicar sua teologia na igreja protestante brasileira, pois sabemos como o protestantismo (nesse caso o presbiterianismo) é ligado ao capitalismo, ligação extremamente forte, pois tem seu alicerce na doutrina calvinista, em especial a doutrina da predestinação (Max Weber).

Contudo, na Igreja Católica Apostólica Romana na América Latina começou a ter uma mudança. O CELAM se reuniu na Colômbia, onde os bispos mostraram uma preocupação com os pobres e com as desigualdades.

O nome de Teologia da Libertação apareceu em 1971, através do peruano Gustavo Gutierrez, que publicou uma obra com esse título, propondo a libertação social dos povos latino-americanos. Outros nomes surgiram como: Enrique Dussel, José Miguez Bonino, o brasileiro Leonardo Boff que escreveu Jesus Cristo Libertador e outros.

A Teologia da Libertação não se preocupa com os dogmas, mas com a ação dos cristãos em prol das mudanças sociais. Jesus Cristo é apresentado como um grande exemplo de homem que lutou pela justiça, pelo amor e principalmente pelos pobres. É uma teologia criada a partir da situação de miséria da América Latina. Ser cristão é ser agente de mudança política, estar ligado à necessidade do próximo, dos doentes e outras causas.

Muitos teólogos da Teologia da Libertação trabalham hoje em torno do ecumenismo. Leonardo Boff, por exemplo, tem escrito livros voltados a mística e ao ecumenismo. Muitos interpretam a mística como colaboradora para o espírito militante. A Igreja Católica Romana no Brasil tem feito louváveis trabalhos sociais, como as pastorais voltadas à criança, ao jovem, ao idoso, ao indígena e outros grupos que vivem com necessidades. Segundo a T.L. a salvação do povo está na libertação da opressão.
ABRAÇO A TODOS!
COUTINHO, ALAOR (SEMINARISTA)

 

Niilismo em Nietzsche

O termo Niilismo surge na literatura russa, na obra “Pais e Filhos” de Ivan Turgueniev sendo posteriormente utilizado por Dostoivski, e é utilizado para definir o homem como um negador de valores, porém na filosofia, Friedrich Wilhelm Nietzsche o leva além dessa interpretação o tornando talvez uma das correntes de pensamento mais intrigantes do mundo contemporâneo.

Para Nietzsche, o niilismo não surge de uma falta de indigência moral ou psíquica, pois se assim fosse acabaria por ser contraditório, já que sua essência está na própria moral cristã. O homem chega ao niilismo quando se encontra perante uma falsidade contida nos ensinamentos cristãos, pois essa descoberta inicia um processo onde o homem passa a refletir sobre todos os valores da sociedade. Junto com a ruína do cristianismo surge na mente uma desconfiança total de tudo que o cerca, tudo perde o sentido, o homem percebe que vive para o nada e acaba por perder toda as ambições e vontades.

Porém o niilismo em estado psicológico só poderá ocorrer passando por três etapas, sendo que a primeira se dá quando procuramos um sentido em todo o acontecer que não está contido nele, e nessa busca acabamos por perder o ânimo, ou seja, se chega ao niilismo quando tomamos consciência do desperdício de força, da tormenta do “em vão”. A segunda maneira se dá quando o homem se coloca sob uma totalidade, alcança uma espécie de monismo onde ele consegue se libertar se tornando líder de si mesmo, eliminando a necessidade de venerar e divinizar algo. E finalmente após passar por essas duas etapas resta como escapatória ao homem condenar o mundo do vir-a-ser como ilusão, e inventar um mundo que esteja para além dele. Porém, tão logo esse mundo seja criado, o homem percebe que o fez por mera necessidade psicológica e que não tem nenhum direito a ele, e a partir daí o homem se encontra na terceira etapa do niilismo, que leva o homem a total descrença em um mundo metafísico, levando-o a aceitar a realidade do vir-a-ser como única realidade e impedindo a si a crença em qualquer via dissimulada que o leve a ultramundos e falsas divindades, o homem então passa a não mais suportar esse mundo, já que descobre que não se pode negá-lo.



“Tudo que é sólido desmancha no ar, tudo que é sagrado é profanado, e o homem é, finalmente, compelido a enfrentar de modo sensato suas condição reais de vida e suas relações com seus semelhantes.”



Ao chegar no pleno estado niilista o homem passa a não mais poder se persuadir sobre um verdadeiro mundo, já que não lhe resta mais fundamento para isso. As categorias “fim”, “unidade” e “ser”, as quais ele utilizava para impor ao mundo um valor, lhe foram tiradas, tornando o mundo sem valor. A autoridade sobre-humana (divindade) não é mais necessária, mas isso não quer dizer que não há necessidade de uma autoridade. Então, o velho hábito da autoridade traz a consciência em primeira linha, uma autoridade pessoal (sendo dessa maneira quanto mais desprendia da teologia mais imperativa se torna a moral), porém, a vontade de fugir da responsabilidade faz com que o homem caia muitas vezes no fatalismo. Essa total decepção causada pelo desprendimento das falsidades teológicas pode, assim como no budismo, levar a um desprendimento material e proporcionar um desenvolvimento individual que talvez alcance o ponto de livrar o homem da perca total do ânimo que o leva ao fatalismo.

Achado escrito inédito de Karl Marx

O artigo “Mercado sem desenvolvimento: a causa da crise” é um dos achados do projeto MEGA – Marx-Engels GesamtAusgabe. A partir dos arquivos de Karl Marx, o MEGA está organizando a imensa obra ainda inédita do filósofo alemão: 114 volumes, o último dos quais será publicado em 2020. O texto em questão, jamais lido no Capital, parece ter sido escrito hoje. Deve-se sua revelação ao jornal "La Repubblica", que publicou o inédito artigo de Marx no domingo (08/01). A tradução é de Moisés Sbardelotto para o "IHU Online"

Mercado sem desenvolvimento: a causa da crise
Por Karl Marx

A enorme quantidade e variedade de mercadorias disponíveis no mercado não dependem apenas da quantidade e da variedade de produtos — mas são, em parte, determinadas pela entidade da parte de produtos produzidos como mercadorias, que deverão, portanto, ser inseridos no mercado para a venda na qualidade de mercadorias.

A grandeza dessa parte das mercadorias vai depender, por sua vez, do grau de desenvolvimento do modo de produção capitalista — que produz os seus próprios produtos apenas como mercadorias — e do grau em que tal modo de produção domina em todas as esferas da produção.


Deriva daí um grande desequilíbrio no intercâmbio entre países capitalistas desenvolvidos, como a Inglaterra, por exemplo, e países como a Índia ou a China. Esse desequilíbrio é uma das causas da crise.

Causa totalmente negligenciada pelos burros que se contentam em estudar a fase do intercâmbio de um produto por outro produto e que esquecem que o produto não é, portanto, em caso algum, mercadoria intercambiável enquanto tal. Isso constitui também a pedra no sapato que leva os ingleses, dentre outros, a querer subverter o modo de produção tradicional existente na China, na Índia, etc., para transformá-lo em uma produção de mercadorias e, em particular, em uma produção baseada na divisão internacional do trabalho (ou seja, na forma de produção capitalista).

Eles conseguem, em parte, esse intento, por exemplo, quando prejudicam os fiadores de lã ou de algodão vendendo seus produtos a um preço inferior ou arruinar o seu modo de produção tradicional, que não é capaz de competir com o modo de produção capitalista ou com o modo capitalista de inserir as mercadorias no mercado.

Embora o capital produtivo, por sua própria natureza, esteja disponível no mercado, isto é, oferecido à venda, o capitalista pode (por um período de tempo longo ou curto, de acordo com a natureza das mercadorias) mantê-lo longe do mercado se as condições não lhe forem favoráveis ou com o fim de especular, ou outro. O capitalista pode subtrair o capital produtivo do mercado das mercadorias, mas, em um momento posterior, será obrigado a reinseri-lo. Isso não tem efeitos sobre a definição do conceito, mas é importante para a observação da concorrência.

A esfera da circulação das mercadorias, o mercado, é, enquanto tal, diferente também fisicamente da esfera da produção, exatamente como são diferentes temporalmente o processo de circulação e o efetivo processo de produção. As mercadorias agora prontas ficam depositadas nos armazéns e nos depósitos dos capitalistas que as produziram (exceto no caso de serem vendidas diretamente), quase sempre só de modo passageiro, antes de serem expedidas para outros mercados.

Para as mercadorias, trata-se de uma estação de preparação a partir da qual serão inseridas na efetiva esfera de circulação, exatamente como os fatores da produção disponíveis permanecem à espera, em uma fase preparatória, antes de serem transportados para o efetivo processo de produção.

A distância física entre os mercados (considerados do ponto de vista da sua localização) e o lugar do processo de produção das mercadorias dentro de um mesmo país, e sucessivamente fora dele, constitui um elemento importante, porque é justamente a produção capitalista que faz com que, para uma boa parte dos seus produtos, o mercado seja constituído pelo mercado mundial. (As mercadorias também podem ser adquiridas para serem retiradas imediatamente do mercado, mas esse elemento deveria ser examinado em outros lugares, assim como a menção anterior às mercadorias que os produtores mantêm longe do mercado).

Consequentemente, é preciso que o mercado se expanda continuamente. Além disso, em todas as esferas individuais da produção, todo capitalista produz de acordo com o capital que lhe é oferecido, independentemente do que fizerem os outros capitalistas. No entanto, não será o seu produto, mas sim o produto total do capital investido nessa particular esfera de produção que irá constituir o capital produtivo, que oferece à venda esta e qualquer outra esfera individual de produção.

É um dado empírico que, embora a dilatação da produção capitalista leve a um incremento, a uma multiplicação do número de esferas de produção, ou seja, de esferas de investimento do capital, nos países de produção capitalista avançada, essa variação jamais mantêm o mesmo ritmo que o acúmulo do próprio capital.


Discussão sobre a Educação

Por incrível que pareça após a redemocratização, a Educação no Brasil passou por um processo de sucateamento. Isso aconteceu por vários fatores, mas principalmente porque a política educacional acompanhou a implantação do neoliberalismo no país. Houve uma privatização da política estatal, minimizando o Estado e sua responsabilidade para com a Educação e instrumentalizando o Estado para com o capital e as corporações capitalistas.
Houve no Brasil, e isso é claro, uma desregulamentação das políticas públicas, inclusive a educacional. Em consequência, o foco da educação, que já não era formar cidadãos críticos e conscientes das nossas realidades social, política e econômica, se distanciou ainda mais daquilo que os profissionais da educação entendem como “educação de qualidade”.
Não podemos esquecer da descapitalização que a educação sofreu durante muitos anos. Falta dinheiro para o ensino de qualidade. As Secretarias Institucionais de Educação não têm condições para aplicar educação integral e os salários dos professores chegam a condições vergonhosas. Hoje o Brasil aplica menos de 5% do PIB nacional em Educação e o novo PNE define a meta de 7%. Contudo, 10% do PIB para a Educação é o mínimo para um país que deseja se desenvolver econômica e socialmente.
Órgãos internacionais como a ONU utilizam estatísticas para medir o avanço e incentivar a educação nos países emergentes e subdesenvolvidos. Mas no Brasil a Educação se tornou refém das estatísticas, pois os números são manipulados na base para indicar alto nível de aprovação, enquanto a qualidade do aprendizado está debilitada. As provas externas dos governos federal e estadual têm demonstrado que falta conteúdo a nossos alunos, que mal conseguem interpretar um texto.
Não obstante, a temática “qualidade de educação” tem sido discutida em todo país por sindicatos, movimentos sociais, no congresso nacional e também no Ministério da Educação. Contudo, essa discussão deve partir da base, isto é, de quem está na sala de aula, por quem está com o giz na mão, do professor.
Diante disso, em Poços de Caldas, o Sinpro Minas (Sindicato dos Professores de Minas Gerais) em parceria com SindUTE (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais), o SAAEMG (Sindicato dos Auxiliares de Administração Escolar de Minas Gerais), o Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Poços de Caldas) e o Educafro farão um bate papo sobre o novo PNE (Plano Nacional da Educação). O objetivo é chamar os profissionais da educação para discutir a educação em nosso país.
Defendemos uma educação de qualidade que corrobore para construção de uma civilização brasileira crítica e democrática e para isso todos devem se envolver no processo de luta.

Prof. Yuri Almeida – professor das redes pública e particular de Poços de Caldas

Bate papo sobre o Plano Nacional da Educação - Dia 03/12
As 08h na Câmara Municipal de Poços de Caldas
Entrada Gratuita